segunda-feira, 1 de março de 2010

Uma história...

Recordo o seu sorriso alegre e caloroso. Nunca poderei esquecer o seu rosto delicado e pálido, o som dos seus sapatos pisando firme o chão e a sua postura irrepreensível: As costas sempre muito direitas e os olhos no horizonte, devorando o mar.

O seu nome, simples e despretensioso, fazia lembrar um campo em flor, transportando-nos para sonhos antigos, outrora esquecidos. Sonhos da nossa infância, brincadeiras de criança que nos parecem hoje tão longe e desvanecidos.

As mãos esguias, de unhas impecáveis, as pernas longas e magras que fazia questão de mostrar em cima de saltos translúcidos, capazes de desafiar a gravidade.

Os cabelos longos com as ondas do mar a passearem-se por toda a parte, rebelde como ela, claro como o sol que lhe queimava a pele.

Nada no seu aspecto parecia deixado ao acaso, quando a observávamos e, no entanto, encerrava em si a leveza de uma manhã de Primavera, ainda fresca. Aquelas manhãs em que o sol espreita bem cedo, ainda antes do cantar do galo, mas podemos ver as gotas de orvalho nas folhas, verdes e luzidias.

Na verdade, nada em si era fabricado, ela era assim, uma brisa fresca, um nascer do sol, um voo de andorinha que ele observava todas as manhãs, religiosamente, sentado no lado direito da cama.