sexta-feira, 19 de março de 2010

Dia do Pai…

Há dias para assinalar ou festejar quase tudo. Alguns fazem parte da nossa infância, outros há que vão surgindo ao longo dos anos, influência de estrangeirismos e afins e que por cá se vão enraizando.

Os dias de tudo e mais alguma coisa servem essencialmente o consumo, que cresce exponencialmente, vejam-se as montras todas prontas e a chamar por nós com corações, ovos de Páscoa, gnomos e árvores… Os exemplos não têm fim. E contra mim falo que seria incapaz de deixar passar em branco um Natal, um dia da Mãe ou um aniversário. Sou incapaz de passar as férias de verão sem ir com os miúdos comprar um mimo à avó e fico cheia de remorsos quando me passa alguma data que, supostamente, seria importante.

E se é verdade que tudo isto é um pouco descabido, que se trata de um negócio e que deveríamos lembrar-nos e agradar às pessoas das nossas vidas, todos os dias do ano, todos os anos, sabemos bem que isso não acontece. O stress, a vida agitada, a falta de tempo, a rotina, os problemas do dia-a-dia e tantos outros factores, impedem-nos de demonstrar tudo, constantemente. E não é verdade que todos gostamos de um mimo? De sentir que se lembraram de nós, no “nosso” dia?! Claro que sim, mesmo que digamos o contrário.

Mas há dias que servem essencialmente para nos fazer recordar, para nos lembrarmos mais intensamente das pessoas, mesmo daquelas a quem já nada podemos dar. O Natal, por exemplo, é a altura do ano em que me invade a maior, a mais intensa, a mais dolorosa das saudades. É o momento em que recordo todos aqueles que fizeram parte da minha infância, da minha vida e que nunca mais se vão sentar à mesa, a comer o bacalhau com couves.

E hoje, no dia 19 de Março, lembro-me de quem durante muito tempo não recebeu prenda, porque estava longe, não apenas em geografia mas distante de todas as formas. Lembro-me que hoje gostaria de poder telefonar-lhe e dizer que gosto muito dele e que sinto a sua falta. Que o passado ficou lá atrás e que todos temos o direito de errar e de nos arrepender. Mas sobretudo todos o dever de perdoar. Já não posso dar-lhe prendas mas posso dar-lhe o meu pensamento… E, hoje, o meu pensamento está no céu cinzento, com quem não vai receber uma prenda mas vive no meu coração.

Feliz dia a todos os pais.