sexta-feira, 10 de outubro de 2008

A Vida em Câmara Lenta…

Os cantores e poetas têm a sorte de poder escrever sem que ninguém se questione se escrevem sobre si mesmos ou apenas sobre a vida de todos nós. Não têm que se justicar e retratam com frequência, aquilo que sentimos, na perfeição. Deve ser bom ter esta liberdade ou então é um peso demasiado grande para carregar… Não sei bem.

Não sendo poeta, hoje decidi escrever sobre a vida… Não escrevo sobre mim, embora em muitos momentos me tenha sentido da mesma forma, acho que todos nós em algum momento nos sentimos assim… Mas escrevo para alguém que sei que precisa de mim. De mim e de todas as pessoas que a rodeiam mas não sabem que ela precisa de um ombro ou apenas de um par de ouvidos disponiveis.

Hoje escrevo para alguém que me conhece à uma vida inteira e que agora está um pouco perdida. Eu já estive perdida, já andei sem rumo, já tive dúvidas, escolhas que não consegui fazer… Não é fácil não encontrar um caminho demarcado e ter que escolher atalhos, não é simples querer falar mas não saber o que exprimir… Às vezes parece-nos que deixamos de ser nós, como se por momentos ou dias inteiros tivessemos a capacidade de abandonar o nosso corpo e ficassemos como um espectador a vê-lo à distância. Sentimo-nos como que dormentes, as acções saem de forma automática e irrefletida, assistimos ao dia-a-dia de camarote e não conseguimos ter maior intervenção do que o cumprimento da simples rotina.

Eu diria que é isto que nos perturba, mais do que qualquer coisa. É o querer fazer algo e não saber como ou o que fazer. É querer mudar a vida e não saber que mudança fazer. É sentirmo-nos presas a um ciclo de tarefas instalado que não conseguimos romper.

São fases mas no momento em que as vivemos parecem eternas e, por isso, sentimo-nos sem saídas, sem esperança, sem motivação. Mas são fases… Mais cedo ou mais tarde encontramos novos rumos, novos projectos que nos fazem sorrir e enfrentar os dias com garra e vontade. Enquanto duram parecem-nos anos mas se ficarmos bloqueadas, a pensar em todas as incertezas da vida… Deixamos de viver. Deixamos que esse tempo passe em claro, sem nada que o marque ou o faça valer a pena. É como se estivessemos a desperdiçar minutos preciosos de um tempo limitado que temos para disfrutar de tudo e de todos os que nos rodeiam.

Com maior frequência do que gostariamos, deixamos de arranjar tempo para as coisas que seriam realmente importantes e ficamos à espera que a vida mude por si, que os dias passem depressa porque não gostamos do que estamos a sentir… Não nos lembramos que se o tempo passar sempre de forma tão rápida, vai sobrar muito menos para procurarmos o que nos faz feliz.

Há momentos dificeis, experiências pelas quais seria melhor não passar, sentimentos que não conseguimos explicar, insatisfações constantes que não podemos saciar… Mas se ficarmos parados à espera que as lágrimas sequem e não fizermos nada para modificar o que está mal, quando olharmos para trás, a vida terá passado e não teremos lembranças que nos façam sentir que valeu a pena cá andar… É por essas boas recordações que temos que nos levantar todos os dias com a esperança de que esses dias serão melhores, de que coisas positivas podem acontecer nas nossas vidas e de que sorrir todos os dias é o melhor remédio mesmo que não nos apeteça.

Quando estiveres tristonha não ouças a RFM, mete um CD remix a tocar e canta alto, dança enquanto vais a conduzir para qualquer lado… Não faças do volante o divã do consultório, não penses nas coisas menos positivas… Quando achares que isso vai acontecer, aumenta ainda mais o volume do rádio e disfruta da paisagem… Acima de tudo, pensa nas coisas boas que a vida te dá e tenta desvalorizar as outras. A vida são dois dias e os pensamentos positivos atraem mesmo coisas positivas!

Em todo o caso, eu estou sempre aqui, para tentar apagar qualquer fogo de maiores dimensões que se avizinhe.

Kiss kiss*