sábado, 24 de junho de 2006

Saudades dessa inocência de criança...


Saudades de ser pequenina... Do tempo em que tudo é possivel e nada nos faz desistir, porque simplesmente não sabemos quão dificil tudo se torna depois. Depois da inocência, depois da falta de conhecimento, depois da saudade, depois do amor, da paixão, da perda, da dor... Saudades do tempo em que sonhamos sem medo de perder. Saudades de acreditar que as nuvens são algodão doce, que podemos caminhar sobre elas e chegar às estrelas. Saudades de ver na lua uma cara que nos contempla e protege. Saudades de brincar aos namorados, de mão dada, de gostar de todos e de ninguém... Saudades dessa inocência que cada criança encerra em si.
Queremos sempre crescer tão rapidamente que nem percebemos que estamos a desvalorizar o melhor da vida. Aquele tempo em que os problemas parecem não existir ou não nos afectar. Aquele tempo em que acreditamos que todos são bons, porque os maus só aparecem nos desenhos animados e são sempre destruidos. Mas depois queremos crescer, viver, amar, estar sós, estar acompanhados... Queremos que tudo passe muito depresse porque teremos dezoito anos e então a liberdade chegará, faremos tudo o que quisermos sem dar satisfações a ninguém. Poderemos conduzir aquele carro, ir àqueles sitios, namorar com aquela pessoa, fazer parvoices... E parece que demora sempre tanto a chegada desses dezoito anos! E depois? Depois tudo passa depressa demais. Os acontecimentos sucedem-se vertiginosamente, as desilusões derrubam-nos, a força levanta-nos do chão para logo cairmos novamente por alguma outra razão. Estamos sós quando queriamos ter alguém mesmo ali ao lado. Estamos acompanhados quando gostariamos de disfrutar da sabedoria do silêncio. Percebemos que afinal não é assim tão diferente ter dezoito anos.
Ai como seria bom termos a capacidade de disfrutar, sem pressa, de cada momento da nossa vida. Como seria bom não ter medo de tentar. Como seria bom não vermos nos sonhos desfeitos o fim do que termina mas sim o inicio de uma nova etapa.
É dificil dizer adeus quando se quer ficar mas a vida é mesmo assim... Uma permanente mutação de locais, pessoas, sentimentos... Tenho saudades de ser criança, tenho saudades de amigos que não vejo, tenho saudades daqueles que partiram, tenho saudades tuas, saudades da voz, do cheiro, do olhar, dos mais pequenos pormenores, daquilo que mais ninguém sabe, daquilo que já ninguém lembra... Tenho saudades. Mas isso não é mau. Pode apertar-me o coração e fazê-lo sentir-se muito, muito pequenino mas não é mau... Significa que em determinado momento eu me sentia completa e por isso feliz!

"Não perdi nada... Apenas a ilusão de que tudo poderia ser meu para sempre..."