terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Somos um país de eufemismos


O que é uma geração altamente qualificada? É o facto de hoje em dia todos termos um “canudo”!? E será expectável que um país como o nosso, de pequenas dimensões e curtos horizontes tenha a capacidade de albergar tantos doutores e engenheiros? E depois insurgem-se contra o flagelo da emigração, que estamos a deixar fugir os jovens altamente qualificados, que há licenciados e até mestres a abandonar o país… Deixem-me que vos diga que conheci não uma mas algumas pessoas ao longo da minha vida académica e não só que tiraram mestrados e pós-graduações logo após concluírem a licenciatura, apenas com o objectivo de continuarem na faculdade e poderem pensar sem pressas no que queriam fazer a seguir. Ora se isto é ser altamente qualificado, ok, tudo bem! Mas ainda que nos consideremos os supra-sumos da formação académica, não será de esperar que alguns de nós tenham que procurar oportunidades noutros mercados de trabalho? Claro que é muito mais cómodo encontrar soluções do nosso próprio “quintal” mas é preciso analisar as coisas racionalmente e perceber que somos um país pequeno e que de modo nenhum – com ou sem crise, mas mais ainda com ela – tem capacidade de encaixe para tantos profissionais qualificados que nem admitem a hipótese de trabalhar em algo fora da sua área de estudo. A culpa não é do governo nem da conjuntura, a culpa é do nosso comodismo cultivado e alimentado por todos os sindicalistas e pseudo-revolucionários que nos fazem acreditar que temos muitos direitos e nenhumas obrigações, que apregoam que temos é que lutar por aquilo que nos é devido quando ainda não mostramos nada, nem provamos nada. E isto é verdade para tudo o resto neste paraíso à beira-mar plantado. E posso parecer eu revolucionária ou fascista mas pensem o que quiserem, porque o pensamento ainda é livre. A Sra. Isabel Jonet vem dizer umas verdades, sem faltar ao respeito a ninguém, cai o Carmo e a Trindade mas o Américo Carlos refere-se ao representante do Fundo Monetário Internacional na Troika, de origem etíope, como “o escurinho” e não se ouve alarido de maior em relação a isso. Porque não podemos dizer aos portugueses que andam a viver acima das suas possibilidades, porque é verdade e pode melindrar mas podemos fazer comentários racistas de forma publica que está tudo bem porque o Sr. nem é de cá e é da Troika e por isso “who cares”! Somos um país que tem uma geração altamente qualificada? Talvez academicamente falando isso seja verdade mas somos também um país pequeno de mentalidades tacanhas e valores virados do avesso. Somos um povo que gosta de viver de aparências e uma geração que foi educada a pensar que tem direito a tudo, que as coisas têm que estar disponíveis para eles sem que tenham que ir à luta e esforçar-se. Somos um país de eufemismos e de pouca verdade, somos acima de tudo uma nação pobre e ignorante no que há de mais importante.