Não gosto de politica, não me interesso e não falo sobre
ela. Creio que o meu desinteresse se deve essencialmente à falta de qualidade
da política em Portugal e não, não me refiro ao Governo – ao actual ou a
qualquer dos passados governantes – refiro-me num sentido lato e global. E a falta
de qualidade não está só no Governo per se, está em todos nós que
fazemos parte da nação. Não temos melhores políticos porque lhes pagamos mal
(sim, já sei que agora toda a gente me vai cair em cima a dizer que eles são
todos uns gatunos e blá, blá, blá), porque a oposição a única coisa que faz bem
(not!) é dizer mal e deitar a baixo – seja qual a for a cor politica – e porque
ninguém é responsabilizado por coisa nenhuma, mesmo nós, votantes. Se não
vejamos, tudo começa com o nosso voto, afinal nenhum governo nasce de geração
espontânea. Mas temos políticos que fogem para o Brasil para escaparem a
acusações de fraude e desvios de verbas e quando regressam ao nosso belo pais à
beira mar plantado o quê que fazemos? Voltamos a votar nesses políticos para
gerir a nossa santa terrinha. Não vos parece bem? São os políticos que são
maus? Não me parece. Depois temos os salários e qualquer bom economista ou
gestor ganha mais no sector privado. Quem é bom mesmo muito bom não quer ser
ministro nem mandar no país. E temos a oposição que para mim é o que me afasta
ainda mais das notícias politicas, que é… Bem, não há outra forma de colocar as
coisas… Uma real porcaria! A única coisa que sabem é dizer mal e isso está
patente agora que lutamos para sobreviver a esta crise que não é nacional,
desenganem-se, é mundial e nós, portugueses, não somos propriamente privilegiados
ou particularmente “abonados” para escapar ilesos. E no entanto só se ouvem
vozes de destabilização e revolta mas ninguém apresenta um caminho alternativo.
Sim, é verdade, “a conta” que vamos pagar é pesada, ninguém gosta mas há outro
caminho? Se sim, qual? Força! Apresentem medidas alternativas, apresentem
projectos, apresentem soluções. Sinceramente estou cansada e até um pouco
triste com o meu país, estou cansada de viver numa pseudo comunidade que só
sabe apontar o que está mal. O Sócrates também estava mal enquanto lá esteve e
agora que se mudou a cor politica já é o Passos que não presta para nada e “o
rosa” insurge-se contra o actual governo como se falasse de que pedestal moral?
E nós, o povo que os elege, somos coniventes com todo este teatro político que
não nos leva a lado algum. E só me apraz pensar que somos um país de “faz de
conta”. Queríamos que o governo pedisse mais tempo à Troika para pormos a
“nossa casa” em ordem e eles assim fizeram e conseguiram. E agora julgavam o
quê? Que esse prolongamento vinha sem custos? Mas quando vão ao Banco pedir
mais tempo eles dão? E se eventualmente derem, não vos aumentam os juros?
Quanto é que vamos perceber que gerir um país não é assim tão diferente de
gerir uma empresa ou um lar? Apenas é muito mais difícil! Aliás, se fosse fácil
se calhar todos queriam. E depois fazem manifestações à porta da casa de férias
do Primeiro-ministro e divulgam fotos deste e da mulher num evento qualquer
depois do anúncio de mais austeridade. E então? Acham bem? Acham bem perturbar
a paz da família do Passos Coelho? Eles não nos governam. E ele não pode sair
com a mulher? Não pode ter vida familiar, não pode gastar o seu salário como
entende? Vejo muita gente no Shopping todos os dias. Será que também não deviam
lá estar? Quem diz aqui, diz nas discotecas, no cinema, no restaurante. Os
políticos são pessoas como nós, não são entidades divinas que estão acima de
qualquer coisa. A diferença é que eles quiseram expor-se e tentar, de alguma
forma, colocar “mãos à obra” e nós optámos por assistir – eu incluída. O nosso
maior problema é a preocupação com as aparências, é por isso somos um país
melancólico e alcoviteiro (mais uma vez, venham as pedras!), achamos
inconcebível ver o Primeiro-ministro a rir num evento qualquer depois de nos
dar más noticias, como achamos que devemos todos dizer mal da vida e da
economia, mesmo que ainda não tenhamos sentido muito a crise. Temos que ser
solidários na tristeza em vez de ajudarmos e animarmos quem precisa. A alegria,
no nosso país, ainda é vista com inveja e desdém porque a revolução pode ter
sido em 74 mas ainda estamos muito longe de nos libertar dos grilhões da
ditadura.