segunda-feira, 7 de maio de 2012

O véu que encobre o meu destino


A nossa vida começa todos os dias. Está cheia de intervalos, estática e interferências, como na televisão. Por vezes gostamos do que passa no intervalo outras nem por isso. A minha linha da vida está cheia de desvios e nunca percebi muito bem que significado isso teria até o meu marido me dizer “a nossa felicidade começa hoje”. A nossa felicidade já começou há uns anos e quando vi a frase dele para mim não percebi logo o sentido integral das suas palavras. A verdade é que sou feliz com ele desde que nos conhecemos mas sempre tive outras questões que me afastaram da nossa casa, de saídas com os amigos, de férias, de desfrutar em pleno todos os momentos felizes que vivemos. Há duas semanas a minha vida mudou para sempre quanto me tiraram, literalmente, uma parte de mim. Já sabia o que ia acontecer, já esperava pelo momento, na véspera pensei que me fosse custar mais, não sabia como ia acordar. A possibilidade de não acordar cruzou a minha mente, acho que sempre acontece e depois, rapidamente, tentamos soprar para longe esse pensamento menos feliz. Mas o despertar não se deu quando acordei, tenho vindo a aperceber-me de que o despertar se dá um pouco mais a cada dia. Começou por ser uma sensação de alívio, depois um misto de alivio e tristeza. Aos poucos vou-me consciencializando de que foi o melhor para mim, de que foi a solução possível, de que foi a única solução. Agora continua a ser um alívio em muitos aspectos e sei que há duas semanas começou a minha vida mas ainda não despertei completamente. Todos os dias experiencio sentimentos confusos e, por vezes, contraditórios. Já não tenho mágoa nem revolta, já não penso “porquê eu”… Porque não?! Já não culpo Deus ou o mundo. Aceitei a minha vida, todos os intervalos e interregnos, aproveito as pausas para olhar para dentro, para descansar do mundo, para pensar no meu propósito e no que fazer com toda a minha experiência de vida. Já não me pergunto porquê, acredito que tudo acontece por uma razão e Alguém tem para mim planos maiores, só tenho que aprender a ler nas entrelinhas e, aos poucos, de sobressalto em sobressalto, vou levantando um pouco mais do véu que encobre o meu destino.