sexta-feira, 3 de julho de 2009

EU...

Eu gosto de escrever (ponto). Gosto de escrever sobre mim, sobre o mundo, a vida e as pessoas. Gosto de dissertar sobre o que é, como foi e o que poderá vir a ser. Gosto de andar pela Terra do Nunca, a fantasiar sobre a vida perfeita, sabendo, na minha qualidade de adulta, que nunca se alcança a perfeição mas que podemos aspirar chegar perto. Gosto de andar por aí qual Sininho, a espalhar pozinhos de sonho e fantasia, de alegria e magia. Mas por vezes também me apetece escrever sobre os momentos menos bons, porque é humano ter momentos menos felizes, porque a vida nos confronta e afronta constantemente. Nos testa, nos põe à prova. Porque eu sou tão humana como todos vós, ainda que aqui seja apenas palavras sem nome.

Por isso gostaria de dedicar uma palavra aos que me seguem, aos que me lêem, aos amigos que conhecem a pessoa por trás das palavras… Eu estou bem. Se por vezes a escrita me sai mais cinzenta e menos rosa, se por vezes o coração aperta ou uma lágrima foge… Não é mau. É sinal que estou viva, que respiro cada dia, que o vivo intensamente e não me impeço de sentir. E não são apenas palavras as conclusões desses textos menos felizes, não é conformismo querer ver um lado bom em tudo. É antes optimismo. Porque há realmente factores exteriores à nossa vontade de sorrir, que não podemos alterar, que não está nas nossas mãos mudar. Não podemos impedir que alguém ou nós próprios fiquemos doentes. Podemos zelar para que isso não aconteça mas se acontecer, o que fazer? Não podemos obrigar aquele rapaz a gostar da nossa melhor amiga. Se ele não gostar, o que fazer? E não podemos impedir a morte porque é parte da vida como a conhecemos. É mais uma etapa para a qual ainda não conseguimos estar preparados. Apesar de sermos seres tão evoluídos, ainda não conseguimos compreende-la, aceitá-la como uma passagem para outro estágio qualquer que desconhecemos… Talvez por isso seja tão mais difícil aceitar. Mas se ela nos bate à porta, o que fazer?

Não são os momentos tristes que nos fazem menos alegres, que nos toldam a vontade de sorrir, de aproveitar os dias, de sonhar. Não são estes momentos que nos fazem piores pessoas. Chorar não é fraqueza, sofrer não é pobreza de espírito. É ser humano, é sentir, é viver. Não é o que nos acontece que importa mas sim o que fazemos com isso, como lidamos com as situações, o que aprendemos com a dor. E isto é inteiramente o que penso: Tudo na vida nos ajuda a crescer e a ser melhores, se soubermos sofrer no momento certo para depois continuar a viagem.

Eu não ando triste nem tive nenhum desgosto amoroso, como por vezes é tão mais fácil pensar-se. Quando falo aqui de dor, falo de coisas tão mais profundas, de perdas tão mais definitivas. Falo de morte, de saudades, de família, de distância, de palavras caladas que fariam tão melhor se ouvidas. Falo de perdas que superamos mas que nunca nos deixam porque são pessoas grandes demais na nossa vida, porque são as nossas raízes. Mas não deixo de viver ou de sorrir. Não deixo de ser optimista e nunca conformista! Apenas considero que devemos aceitar o que não pode ser mudado por acção humana e dedicar esforços a tudo o resto e, sobretudo, a aproveitar os nossos dias e a tentar tornar melhores, os dias de quem continua ao nosso lado, de quem nos dá a mão quando tropeçamos, de quem nos ouve quando queremos falar ou fica ao nosso lado, em silêncio, quando é disso que precisamos. A todos esses, obrigada.

A perda do meu pai fez-me perceber que não somos imortais, que não dispomos de todo o tempo. Que hoje é o momento para fazer e dizer tudo o que sentimos porque depois pode nunca chegar a existir. Fez-me abrir mais o coração e soltar mais palavras de carinho. Não, não sou ingénua. Sempre soube que ninguém dura para sempre. Já perdi amigos e conhecidos, já ficaram coisas por dizer nessas alturas mas, desenganem-se os que julgam que é da mesma dor que falamos ou que os silêncios terão o mesmo peso. E por isso, neste cantinho de sonhos e desabafos, quero dizer à minha família pequenina e aos meus amigos verdadeiros, que os amo e que estou grata por eles fazerem parte da minha vida.

Sejam felizes… Só hoje importa.

Bom fim-de-semana!