É curioso como, por vezes, a natureza conspira a nosso favor. É engraçado como a vida é cheia de contradições, de extremos que se tocam.
Fevereiro é o mês dos namorados (dizem), é o mês mais curto do ano, este ano é também o mês da diversão, da brincadeira. Para mim não, para mim é um mês tristonho e cinzento. Parece-me longo e tem sido intenso. Não me apeteceu fazer jantares de Valentim nem me apetece brincar ao Carnaval, não me apetece muito brincar, de todo. Para mim podia continuar a chover… Mas curiosamente, depois de tantos meses de chuva, Fevereiro trouxe-nos o Sol, tão característico deste nosso país “à beira-mar plantado”. Não sei como é com o resto da população mas eu, apesar de gostar dos dias de chuva, de sentir as gotas a cair na cara, de estar no sofá enrolada na manta a ver filmes, apesar de me saber tão bem o chá e o chocolate quente, tenho uma forte relação com o Sol (para quem acredita em astrologia, poderá explicar-se assim). O Sol obriga-me a acordar com outro animo, com outra visão sobre as coisas, o Mundo lá fora parece mais bonito com este brilho, com esta luz intensa. E é assim que eu acho que a Natureza tem tentado conspirar a meu favor, fazendo-me ver o Sol todas as manhãs, para que não perca o animo, para que continue a ter esperança que este mês vai passar depressa (embora não pareça) e que, em breve, ficará apenas uma saudade boa de tudo o que passou. Que o vazio vai doer menos a cada raio que me toca, que a tristeza vai sendo mais ténue cada vez que sinto o seu calor. No fundo, tudo o que precisamos está à nossa volta, temos só que procurar o refúgio que mais se nos adequa, o que melhor nos faz sentir.
Quando posso deter-me a olhar o mar, deixar-me embalar pela sua ondulação, ouvir as suas preces contra as rochas, sentindo o Sol no rosto, penso que a Natureza é de facto perfeita.