sexta-feira, 10 de agosto de 2007

marcos na passagem...

Ao longe um som que não sei se ouço ou imagino… Aqui o silêncio.
Num deserto apagado sinto o cheiro a maresia que invade cada poro do meu corpo. O caminho está esbatido, talvez por uma tempestade de areia e não consigo encontrar um trilho para seguir. Os passos que já dei não deixaram pegadas. Percebo que apenas conheço o preciso momento em que me encontro… Nada existe para trás… Nada vejo adiante.
Sem passado nem futuro, continuo nesta estrada inexistente que me leva a lado algum… Podia parar aqui! Ficar à espera que alguém passasse e me indicasse um caminho mas aqui não há nada e se parar morro um pouco mais.
O calor turva-me a visão e o percurso não tem fim… A única meta é viver e entre picadas de escorpião, tempestades e delírios, tenho conseguido.
Aqui não existem guias nem mapas, não há postos de informação nem transeuntes a cada esquina, prontos a informar. Aqui existem marcos que se encontram na passagem… Por vezes não os vemos logo porque estão ocultos ou porque julgamos não serem reais… Mas existem e aumentam as nossas hipóteses de alcançar a meta… E qualquer coisa pode ser um marco… se ao menos conseguíssemos ver! Frequentemente estamos tão concentrados naquilo que passou e no que vem pela frente (ora se não temos passado nem futuro… pobres tolos!) que não conseguimos valorizar as pequenas coisas que nos surgem no caminho… E perdemos a possibilidade de chegar à meta, porque procuramos algo grande, visivelmente útil, quando apenas precisávamos de um cantil de água, mesmo que pequenino, para conseguir aguentar até ao fim da jornada.


10.08.2007, kel.