sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Minnie’s moving ahead…

Há momentos na vida em que duvidamos de nós e dos outros, duvidamos das possibilidades de ser feliz, julgamos que o mundo conspira contra nós. E há momentos em que tudo isto é mesmo verdade… Pelo menos para nós.
Há momentos na vida em que a esperança esmorece e o Sol não brilha… Vemo-nos sem caminho a seguir, nem para onde voltar… Há momentos na vida em que achamos que a vida não é bela, não é boa para se viver… Há momentos na vida em que nos perdemos de nós e do mundo, em que temos vontade de desistir, de parar de lutar… Há momentos na vida em que, depois de tantas quedas, de tantos recomeços, de novos tombos, já não nos queremos levantar… Temos medo de voltar a cair, temos receio de que a cada queda a dor seja mais intensa… Temos medo de quebrar! Há momentos na vida em que a vida não nos sorri e nós deixamos de conseguir sorrir para ela… Há momentos na vida em que nos secam os olhos e não conseguimos jorrar uma só lágrima… Há momentos em que tudo o que queremos é chorar a sós com a nossa dor… Há momentos de angustia, de perda, de corações partidos, de esperanças golpeadas, de partidas e chegadas, de ilusões criadas e sonhos desfeitos… Há momentos na vida em que não conseguimos encontrar razões para sair da cama a cada novo dia que começa… Momentos em que nos sentimos traídos, fragilizados, sem forças ou dormentes… Há momentos na vida que parecem uma vida inteira…
Quando já não conseguimos acordar… Quando já não conseguimos rir… Quando já não encontramos motivos para continuar a sonhar, a acreditar, a respirar, são os momentos que nos esboçaram sorrisos, que nos aqueceram a alma e o corpo, que um dia nos fizeram lutar… São estes momentos – muitos ou poucos – que nos dão força… É a capacidade (que só se aprende com a experiência, a desilusão, os altos e baixos) de guardar apenas as recordações felizes, os pequenos nadas que em algum momento representaram tudo, as gargalhadas partilhadas, a capacidade de aprender sempre algo com tudo e com todas as pessoas que cruzam o nosso destino… Porque é sempre possível aprender, porque nunca tudo é mau, porque se não houvesse aspectos positivos nós não continuaríamos a tentar, a viver uma mesma experiência… Porque tudo tem um lado positivo, por mais cliché que possa soar!
Existem pessoas que se desiludem mais e outras menos, existem pessoas que não se desiludem de todo porque não tentam e outras que encontram a “cara-metade” (seja lá o que isso for) à primeira investida… Eu acho que já passei por todas as fases, por todos os momentos… Excepto aqueles que farão parte de outras etapas da própria vida… Já cai muitas vezes e das mais variadas formas mas levantei-me sempre… Já houve momentos em que quis não existir, já houve momentos em que achei que nunca nada ia dar certo, já houve momentos em que não quis sair da cama, muitas manhãs em que não conseguia pensar em nenhuma razão para enfrentar mais um dia… Já houve momentos em que perdi amigos, família, saúde e amores… Momentos de ruptura, momentos de desilusão, de dúvida, de incerteza, de dor… Já houve momentos em que não tinha lágrimas para chorar e outros em que tudo eram lágrimas… Mas sempre me levantei… Quando somos mais novos custa muito erguer-nos após uma queda, depois vamos aprendendo e torna-se mais fácil… Mas nunca se aprende completamente… Há sempre algo ou alguém capaz de nos fazer sentir as inseguranças dos 16 anos… Não sei como será depois, quando os anos forem passando… Não sei se a esperança aumenta ou se esvai com a idade mas acredito que me vou sempre levantar após cada tombo… Acredito porque aprendi ao longo destes anos que já passaram que o importante é manter o coração limpo, a alma livre e o espírito aberto… O importante é não guardar rancores de nada nem de ninguém… Sempre vão existir obstáculos no caminho e pessoas que nos vão desiludir… O importante é aprender com cada má experiência e guardar muito bem as coisas boas que vão acontecendo… Quando alguém nos faz muito bem e, ao mesmo tempo, muito mal, é preciso pesar sorrisos e lágrimas e ver se vale a pena… É preciso saber quando devemos deixar de tentar… E quando isso acontece, é preciso ainda saber fazer as malas apenas com o que de bom restou e o que de bom existiu… O resto o tempo não cura mas ajuda muito.
E também é natural ter medo… O medo é próprio do Homem… É natural ter medo de voltar a sofrer, de voltar a perder… Mas o medo, embora bom, não nos deve impedir de avançar… E é isso que agora faço. É bom parar um minuto, um ano, dois anos… o tempo que o nosso coração pedir… Mas chega o momento (e às vezes pensamos que não mas ele sempre chega) em que é preciso fazer alguma coisa com a vida que falta viver… Nessa altura é preciso mais uma dose de coragem, mais um “respira fundo”, é preciso voltar a acreditar, voltar a confiar, voltar a tentar… E, mais cedo ou mais tarde, conseguimos. E as memórias não ficam no passado… Nada disso! As memórias acompanham-nos a vida toda! E não, não podemos esperar que os outros sejam exactamente aquilo que idealizamos, não podemos pensar que vamos encontrar ao longo do caminho, pessoas iguais… Cada ser humano é único e nada se repete… Mas aprendemos que cada etapa deve ser desfrutada ao máximo, que não podemos estagnar, que as rupturas acontecem sempre por uma razão (mesmo quando não sabemos qual… mesmo que nunca venhamos a saber…) e que a vida continua… E é muito, muito curta… E que passa mais depressa a cada ano… E que um dia – não tão distante como podemos julgar – olhamos para trás e não há nada para recordar… E que um dia – quando menos esperamos – já não estamos cá. E a vida não se repete, não nos permite usar lápis e borracha… Aquilo que vamos escrevendo não se apaga… Apenas podemos colocar um ponto final ou umas reticências e mudar de linha!
Depois de muitas dúvidas, depois de muitas hesitações, depois de muitos momentos a sós comigo, depois de viver um dia de cada vez, durante muitos dias, depois de muito adiar a minha vida… Decidi que era tempo de voltar a fazer planos. Posso não conseguir, ainda, fazer planos a longo prazo – porque ainda estou a reaprender a caminhar – mas vou fazendo o que consigo e vou tendo quem me acompanhe nestas pequenas passadas… Adiante novas estradas de vão desenhando, novos projectos, novas barreiras para vencer, novos desafios… Sempre com a certeza que, se cair… Vou ser capaz de me levantar… A tudo o que passou, até sempre… E ao futuro – tão próximo – Bem vindo!