quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Falling Seasons


O outono traz-me sempre uma sensação reconfortante de recomeço. A natureza despe-se de preconceitos, o sol não deixa de brilhar ainda que a chuva teime em cair e a ansiedade constante ameniza-se ao sabor do termómetro. A mudança das estações tem este efeito em mim, de um não sei quê de paz, de entusiasmo e de quietude. Um misto de emoções que me força a refletir, a olhar para dentro, a parar por um momento. Sinto que é bom parar, gosto de olhar para mim, de observar o meu comportamento, de rever a cassete e apontar o melhor e o pior de cada momento em revista. Faz-me crescer, faz-me aprender-me, faz-me querer ser mais, faz-me ser melhor. Mas os dias passam tão a correr, andamos sempre num desatino tão constante que tantas são as vezes em que simplesmente nos esquecemos de nós e como isso, do nosso pequeno mundo. Esquecemo-nos de que não somos passivos no desenrolar do nosso destino e que este tem, na realidade, muito menos de destino e muito mais de nós do que julgamos. Podem ser frases feitas de psicologia moderna ou de outra coisa qualquer mas eu acredito mesmo que podemos ser tudo o que quisermos, ter tudo o que quisermos se ao menos conseguirmos visualizar com clareza o que desejamos, se ao menos nos acreditarmos merecedores do que ambicionamos, se não tivermos medo de pedir o mundo. O medo é tantas vezes o nosso maior castrador. Temos medo de falhar, temos medo de ser bem sucedidos, temos medo de ir e medo de ficar, temos medo da morte e tão frequentemente, medo de viver. Passamos a maior parte da nossa vida a correr para algum lugar e muitas vezes nem sabemos ao certo porquê que corremos. Não estamos sempre com pressa, estamos sempre em piloto automático e, por isso, vivemos muito pouco. Quando nos damos conta passaram-se vinte ou trinta anos de correrias e não temos histórias para contar, ficaram-se os desejos por isso mesmo e resta-nos apenas a mesma mão cheia de sonhos que antes ambicionávamos e nos quais perdemos a fé. São tantas as pessoas que nos desiludem, que nos magoam e são tantas as mágoas que acabamos por carregar connosco todos os dias, anos a fio. E para quê? Ao menos as pessoas sabem que foi esse o efeito das suas acções? Quando perdoamos alguém, quando finalmente conseguimos perdoar a alguém, um enorme peso sai-nos de cima e finalmente podemos respirar fundo. Quando perdoamos alguém a nossa alma fica livre, fica leve. Mas isso não o bastante para estarmos de bem com a vida. Temos que aprender cedo a perdoarmo-nos, a aceitar que somos humanos e que erramos e temos que encontrar a melhor forma de nos perdoarmos e seguir em frente.
Para mim, uma nova estação tem esta capacidade inata de me fazer olhar para dentro, olhar para trás e pensar adiante, seguir, viver.